Solidário a todos os atingidos pelo rompimento das barragens de
rejeitos no município de Mariana, em Minas Gerais, em especial aos familiares
das vítimas, o Instituto Terra entende que o momento exige ações urgentes dos
poderes constituídos, no sentido de minimizar o sofrimento da população
envolvida e dos impactos causados ao meio ambiente, ao mesmo tempo em que deve
atuar na responsabilização das empresas envolvidas, de acordo com a legislação
brasileira, no sentido de efetivar a integral compensação pelos danos causados.
Durante toda a sua existência, o Instituto Terra pautou-se pelo
verdadeiro sentido da palavra sustentabilidade, buscando ser interlocutor,
mediador dos conflitos locais, mas também apresentando soluções técnicas
efetivas para promover o equilíbrio entre desenvolvimento e meio ambiente.
Diante do acontecido, o Instituto Terra imediatamente mobilizou
todo o seu corpo técnico na elaboração de um projeto para recuperação do Rio
Doce. A proposta prevê a criação de um Fundo com recursos financeiros
subsidiados pelas empresas responsáveis pelo desastre, que possibilite, além da
recuperação de nascentes, absorver todos os investimentos e ações destinados à
reconstrução das condições ecológicas, bem como gerar recursos contínuos para
projetos sociais, econômicos e de geração de emprego e renda em toda a região
que constitui essa bacia hidrográfica.
O fundo deve permitir a criação de um patrimônio perpétuo para
promover uma grande transformação no Vale do Rio Doce, saindo de um quadro de
intensa devastação para um ambiente equilibrado, desenvolvido e produtivo.
O projeto já foi discutido com os Governadores de Minas Gerais e
do Espírito Santo, bem como com o Governo federal. Cofundador e Vice-Presidente
do Instituto Terra, Sebastião Salgado tratou do tema diretamente com a
presidente Dilma Rousseff, na manhã desta sexta-feira (13 de novembro), em
Brasília, que se mostrou empenhada e favorável à iniciativa, e assumiu o
compromisso de criar um comitê para negociar com as empresas responsáveis pelas
barragens de Mariana.
Além do Governo federal e dos Governos Estaduais,
o plano para recuperação do Rio Doce deve envolver os governos municipais, a
iniciativa privada e a sociedade civil organizada, para pleno direcionamento
dos recursos e tecnologias a serem empregados na região.
Já sabíamos que restabelecer a vida do Rio Doce seria um
processo difícil e de longo prazo. Agora, exigirá mais empenho e urgência nas
ações, bem como uma aprendizagem ambiental compartilhada com a sociedade.
Mais do que nunca, o resgate do Rio Doce, destruído ecologicamente
pelo desastre, passará por medidas de recuperação de todas as nascentes da
bacia, para garantir uma maior produção de água, bem como a reconstituição das
matas ciliares e das reservas legais,
para evitar a sobreposição e acúmulo de mais resíduos, assim como o
fortalecimento de um modelo agroecológico de produção rural. Somadas a outras ações
socioambientais e de monitoramento, de toda a cadeia produtiva, em especial a
industrial, acreditamos que será possível alcançar o pleno restabelecimento da
região.
O Instituto Terra reafirma seu compromisso com a missão de
replantar a Mata Atlântica e trazer de volta a vida, a água, ao Vale do Rio
Doce, com projetos conectados e voltados diretamente para a promoção do
desenvolvimento pleno de um Vale que há anos sofre com os efeitos da degradação
ambiental.